História: sala de aula da Profª Chris: O Humanismo e suas relações com as mudanças a partir do século 12

Ilustração 1

Conceitua-se como o Humanismo, o movimento nascido no seio do Renascimento e claramente voltado ao Antropocentrismo, em contraponto a antiga visão teocêntrica. Referenciava, assim, ao ser humano como seu principal foco e ao mesmo tempo como responsável pela criação e desenvolvimento de valores morais.

Ainda que tal movimento esteja relacionado, segundo muitos estudiosos, com os séculos 15 e 16, suas raízes são anteriores, assim como, idéias surgidas durante a Idade Média serviram de base para o seu desenvolvimento. Desta forma, pode se notar que não apenas os pensamentos voltados ao Teocentrismo e ao místico, estiveram presentes durante o medievo. Ainda que existisse uma relação estreita e imbricação de valores, já havia a preocupação para com o papel do ser humano e sua sociedade.

Assim, enxerga-se ao humanismo como um processo longo e prévio, além da idéia de ruptura proposta por estudiosos que o colocam como um dos divisores de águas entre a Idade Média e Idade Moderna. Desta maneira visto o processo, a preocupação em estudar e compreender ao homem já existia durante a Baixa Idade Média. Exemplo disso é Pedro Abelardo, como defensor da lógica, da especulação teológica, da dialética e seguidor das idéias de Aristóteles. Valorizava a Antiguidade, tal qual seus seguidores fariam no Renascimento.

Além de Abelardo, é possível ver nas obras artísticas a nascente preocupação em desvencilhar-se dos temas religiosos, assim como em realizar trabalhos dos laicos e para os laicos. Surgem, assim, obras que resgatavam os épicos da Antiguidade, sob a perspectiva medieval ou mesmo, temas em que ressaltam-se novos heróis, tais como o Rei Artur ou Lancelote. Diferencia-se neste âmbito a produção literária eclesiática em latim e a produção em língua vulgar, oriunda da aristocracia e meios cavalheirescos. Mesmo o estilo gótico, oriundo do meio urbano medieval, foi prova das raízes do Humanismo, enquanto vinculado às idéias de Aristóteles e concepções de equilíbrio entre Fé e Razão.

Através desta lenta transição entre a Idade Média e a Idade Moderna, pode se vislumbrar a formação de uma visão renovada que terá seus frutos no Renascimento. Fato notório é que muitos fatores colaboraram para que se pudesse consolidar a visão renascentista e se construíssem diferentes concepções.

Abelardo e Heloísa

"Fujo para longe de ti,
evitando-te como a um inimigo,
mas incessantemente
te procuro em meu pensamento.
Trago tua imagem em minha memória
e assim me traio e contradigo,
eu te odeio, eu te amo."
Carta de Abelardo a Heloísa.
"É certo que quanto maior é a
causa da dor, maior se faz
a necessidade de para ela
encontrar consolo, e este
ninguém pode me dar, além de ti.
Tu és a causa de minha pena,
e só tu podes me proporcionar conforto.
Só tu tens o poder de me entristecer,
de me fazer feliz ou trazer consolo."
Carta de Heloísa a Abelardo

Um dos túmulos mais bonitos que se encontra no Pére Lachaise é o de Pierre Abélard e Héloïse, protagonistas de um trágico romance interrompido na Paris medieval do século XII. Pedro Abelardo era um filósofo que se apaixonou por Heloísa, de quem era tutor e que era 20 anos mais nova. Os dois tiveram um filho, Astrolábio, e casaram-se às escondidas. Quando o tio de Heloísa, um clérigo de Notre-Dame, soube, mandou castrar Abelardo que foi viver na abadia de St. Denis, onde continuou seus estudos. Heloise retirou-se para um convento. Mesmo distantes, os dois se corresponderam em longas e amorosas cartas, mas nunca mais se falaram pessoalmente. Os mas hoje quase 700 anos depois, estão para sempre juntos numa tumba em estilo neogótico.[...]

Disponível em: http://profesron.spaceblog.com.br/22324/ABELARDO-e-HELOISA-Em-Nome-de-Deus/. Acesso em: 10.Nov.2010.

O século 14 foi marcado pela crise desencadeada pela tríade formada pela fome – peste – guerra, além da transição entre o sistema feudal para o capitalismo. Este panorama desfavorável deu início a dois processos bastante marcantes sob uma ótica humanista: o desenraizamento e a desparentalização. Enquanto o primeiro corresponde ao processo de abandono das comunidades originais por parte da população, originado pela fuga das regiões afetadas pela peste. O segundo fenômeno refere-se a dispersão dos vínculos espirituais de parentesco que uniam as comunidades. Ambos processos estão intrinsecamente ligados, enquanto as famílias abandonavam aos seus enfermos, assim como seus mortos e sua memória enquanto ancestral. Há, assim, uma ruptura na concepção mística religiosa de culto e respeito aos mortos, no entanto, as ligações além do laços de parentesco se estabelecem, não apenas sustentados pelos vínculos sanguíneos e simbólicos.

Entretanto, há ainda como fato determinante as guerras que se sucederam, a exemplo da Guerra dos Cem Anos, que também movimentou a sociedade da época, de forma a estabelecer novos padrões sócio-político-econômicos. Esta nova forma estabeleceu laços mais estreitos entre a burguesia e a aristocracia, gerando, assim universidades e outros empreendimentos intelectuais.

Desta forma, a Igreja que ditara regras e padrões místicos recebe duro golpe, onde deixa de ocupar o papel central unificador. A visão acerca o homem e do humano em sim, ganha importância e valor, sob a visão dos nascentes ideais humanistas.

Referências

Humanismo.

Disponível em: http://www.infoescola.com/literatura/humanismo/

Acesso em: 10.Nov.2010.

O Humanismo.

Disponível em: http://www.brasilescola.com/historia/o-humanismo.htm

Acesso em: 10.Nov.2010.

A Renascença.

Disponível em: http://www.mundodosfilosofos.com.br/renascenca.htm

Acesso em: 10.Nov.2010.

Humanismo e Renascimento.

Disponível em: http://www.debatesculturais.com.br/humanismo-e-renascimento/